O que muda nas escolas da França a partir de 2024

Grandes mudanças estão chegando às escolas da França, anunciadas pelo presidente Emmanuel Macron. Algumas delas podem parecer comuns para nós brasileiros. Mas, outras são realmente de cair o queixo! Vamos descobrir juntos essas novidades e também as razões por trás delas. Prepare-se, pois vou contar tudo neste artigo.

Grandes mudanças estão chegando às escolas da França, anunciadas pelo presidente Emmanuel Macron. Algumas delas podem parecer comuns para nós brasileiros. Mas, outras são realmente de cair o queixo! Vamos descobrir juntos essas novidades e também as razões por trás delas. Prepare-se, pois vou contar tudo neste artigo. 

Educação Cívica e Patriotismo

Macron, surpreendeu a França na coletiva dada em 16 de janeiro de 2024 com diversas ideias, entre elas a do rearmamento cívico. Isto é, o presidente vai reforçar a educação cívica no collège, ampliando-a para uma hora por semana em vez dos atuais 30 minutos. 

Essa mudança começará na classe do cinquième (5e). No Brasil, seria correspondente aos alunos da 6ª série do ensino fundamental, ou seja, aqueles que têm 12 anos. Mas, se você não sabe sobre o sistema educacional francês eu te convido a ler um post dedicado a esse assunto

Pois bem, na minha opinião, o presidente está em uma missão para acender a chama do patriotismo. Ele pretende reforçar as aulas com os “grandes textos fundadores da nação”. Em seu discurso, também foi dito: “Cada geração de franceses deve aprender o significado da República: história, deveres, direitos, língua, imaginação, respeito e compromisso”. Parece que estamos prestes a ter uma França mais unida e com lições de cívica à prova!

Por último, não poderia deixar de mencionar que o presidente lembra da importância de se aprender na escola o hino nacional; a Marseillaise! Com toda a certeza essa é uma medida que visa criar um sentimento de amor à pátria.

Proibição dos jovens ao acesso à internet

Outra questão proposta pelo presidente, e mais esclarecida no discurso de 05 de abril de 2024, é a proibição do uso de celular antes dos 11 anos. Além disso, foi sugerida a restrição de acesso às redes sociais antes dos 15 anos. Essa medida decorre do fato das crianças e adolescentes estarem cada vez mais colados nas telas. 

O governo francês não está para brincadeira e criou no ano passado a lei da “maioridade digital” para tentar frear esse vício tecnológico. Essa legislação exige que as redes sociais verifiquem se os usuários têm pelo menos quinze anos de idade antes de se registrarem. Mas, cá entre nós, será que estão realmente seguindo essa medida? 

Essa ideia visa combater o assédio entre os jovens na escola. Se você acompanha as notícias da França, sabe exatamente do que estou falando. É triste, mas não é incomum essas situações de violência entre estudantes na escola (ou até mesmo fora dela). 

Macron deixou claro que já vem tomando medidas para combater essa onda de crimes entre jovens. Por exemplo, as crianças que praticam bullying são afastadas da escola e são sujeitas a procedimentos disciplinares para proteger as mais vulneráveis. Quanto ao ciber assédio, também foram introduzidos procedimentos de alerta e plataformas, como o número 3018, que agora possibilita chamadas para denúncias e intervenções.

Maior incentivo à cultura e ao desporto 

Outra ideia clara que o presidente destacou foi a introdução de meia hora de atividade esportiva diária nas escolas primárias e duas horas adicionais por semana nas escolas secundárias (“collège”). Afinal, parece que as redes de fast food conquistaram o coração das crianças e adolescentes deste país, e agora é comum ver jovens obesos dando suas voltas pelas ruas. Parece que precisamos dar um jeito nisso!

Outrossim, o teatro vai se tornar disciplina obrigatória no collège a partir de setembro deste ano. Segundo Macron, o estudo da dramaturgia dá confiança e ensina oralidade, é um contato com grandes textos. 

Sem dúvida, a França é conhecida pela riqueza de sua história e cultura. Acredito que essa medida vai reforçar ainda mais os laços dos jovens com o patrimônio cultural francês. 

Uso do uniforme em toda as escolas da França

Aproximadamente 100 escolas na França implementarão, de forma experimental, o uso de fardas a partir de setembro de 2024. Essa medida será testada em escolas primárias, colégios e liceus, mas não incluirá as creches. Caso a iniciativa seja bem-sucedida, os estudantes das escolas públicas serão obrigados a usar uniforme a partir de 2026.

No Brasil, isso é bastante comum, mas na França, a situação é diferente. De acordo com o presidente Macron, a experiência de uma roupa única visa eliminar as desigualdades. No entanto, na França, o uso de véus, lenços na cabeça e turbantes é proibido, o que significa que nenhum símbolo religioso “em destaque” é permitido. Na verdade, essa questão sensível tem gerado muita controvérsia.

Além do mais, o uniforme deve seguir estas especificações: camiseta polo branca ou cinza, suéter azul-marinho e calça cinza. As instituições de ensino podem personalizar os uniformes com um distintivo ou adaptar a roupa conforme o clima e as atividades do dia, como educação física. Por fim, as famílias não terão que arcar com os custos, pois as fardas serão fornecidas pelo Estado.

Cerimônia de formatura  

Essa medida é para tirar o chapéu, ou melhor, o capelo! O presidente está botando fé que isso vai criar um sentimento de orgulho nos jovens. A proposta é implementar uma celebração de entrega de diplomas nas escolas públicas da França, que será instituída tanto para o brevet quanto para o baccalauréat. Esses dois exames são um marco na educação francesa. O primeiro ocorre ao final do ensino fundamental (collège), geralmente aos 14 anos, avaliando o conhecimento dos alunos em várias disciplinas. Por sua vez, o “bac” geralmente ocorre no lycée, aos 18 anos, se assemelhando ao nosso Enem. Ele é essencial para ingressar no ensino superior na França. Caso você queira saber mais sobre essas provas, leia o post aqui.

Novo recrutamento dos professores

Na coletiva de 05 de abril de 2024 o presidente traz uma novidade que vai revolucionar a contratação dos professores nas escolas da França! Agora, o sonho de se tornar um educador começa logo após o terceiro ano da faculdade, em vez de esperar até o fim do mestrado. Em outras palavras, basta obter a licença do bac+3; não sendo mais necessário aguardar mais dois anos até alcançar o diploma do bac+5. 

Mas, por que essa correria? Se por um lado, o presidente pretende encher as salas de aula com novos talentos, tornando o caminho para o ensino mais simples e curto. Por outro lado, parece que o governo está tentando estancar a hemorragia causada pela falta de professoras nas escolas públicas.

Desde o post das 9 vantagens e desvantagens de morar na França, eu tinha mencionado justamente esse problema na educação francesa. Tanto é que quem tem uma graninha extra já está matriculando os seus filhos nas escolas particulares.

Em resumo, a situação na França não é um mar de rosas! Para mim, essa iniciativa é a chave para lidar com essa crise de recrutamento sem igual nos últimos anos.

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