1 de julho de 2024

Você já pensou em comprar suas lembrancinhas nos supermercados durante sua visita à França? Esse país é um sonho para turistas de todo o mundo. No entanto, para quem ganha em uma moeda diferente, pode ser um pesadelo no momento da conversão em euros.  Mas, não se desespere! Há uma maneira divertida e econômica de trazer um pedacinho da viagem para sua casa, familiares e amigos sem esvaziar a carteira. Compre seus “souvenirs” nos mercados locais.  Pois bem, Monoprix, Franprix, Carrefour, Auchan, Intermarché etc. qualquer um deles vai ser um verdadeiro salva-vidas. Caso queira saber tudo sobre os supermercados na França, tenho um post dedicado ao assunto que você pode ler aqui.  Eu garanto, por experiência própria, que essa estratégia funciona. Então, não perca tempo e leia este artigo, porque vou compartilhar com você todos aqueles segredos franceses que só quem mora por aqui conhece. Assim, te desejo bon voyage e boas compras. Souvenir nº 01: Bebidas  As bebidas alcoólicas são as lembrancinhas que você vai encontrar em todos os supermercados da França. As grandes redes oferece uma ampla seleção de vinho, champanhe, cidra, calvados etc. Além do mais, os franceses são orgulhosos de suas tradições etílicas. Isso significa que é possível encontrar diversas bebidas de produção regionais ou locais. Portanto, para ajudar na escolha, vou listar os 10 vinhos tintos de qualidade por menos de 15 euros. A fonte é uma publicação da “La Revue du Vin de France” de 24/11/2023, uma revista francesa renomada que entende desse néctar dos deuses como ninguém! Segue abaixo: Mas, atenção nas compras, pois existe um limite para transportar garrafas nos voos internacionais. Cada passageiro pode levar até 12 litros de qualquer bebida alcoólica, ou seja, 16 garrafas de 750ml.  Por fim, lembre-se de comprar plástico bolha. Assim, poderá cortá-lo e envolvê-lo em torno das bebidas. Caso não tenha outra opção, enrole nas camisas e coloque em um saco plástico bem fechado. Eu já testei essa tática com sucesso. Desse modo, se por acaso uma garrafa quebrar dentro da mala, pelo menos o resto do conteúdo estará a salvo! Souvenir nº 2: Doces  A confeitaria francesa é reconhecida mundialmente, mas algumas delícias são difíceis de guardar na mala porque vão estragar. Entretanto, há outras fáceis de manusear que seria um desperdício não comprar.  Biscoitos Em primeiro lugar, vamos falar de biscoitos. O top número 1 são os macarons. Pequenos pedaços de céu crocante por fora e macio por dentro. Existem diversos sabores e muitos deles são exóticos para nós estrangeiros. Que tal provar um macaron de pétala de rosa ou de flor de laranjeira?! Porém, em razão da sua curta durabilidade, aconselho comprá-los na véspera do seu retorno ao lar.  Ademais, em qualquer mercado, você vai encontrar também os palmiers. Eles são folheados em forma de coração e podem ser comprados em pacotes. Ainda nessa categoria, temos doces da Bretagne (norte da França) que tem uma culinária riquíssima. Dessa forma, dessa região, destaco os biscoitos amanteigados sablés de Bretagne e também os caramelos de manteiga salgada.  Ah, um detalhe! Quando olhar as prateleiras do mercado dê especial atenção às marcas Bonne Maman e Saint-Michel. Afinal, elas representam confiança, história e excelência na França. Doces tipicamente regionais Outro doce que eu adoro é o nougat, célebre na cidade de Montélimar, região da Drôme. Similarmente ao torrone, ele é feito de açúcar, mel, amêndoas e claras de ovos, disponível em versões duras e macias.  Mais uma guloseima que experimentei e gostei muito é o calisson d’Aix. Este doce recebe o nome da cidade onde foi inventado, em Aix-en-Provence, e é feito com amêndoas trituradas, pedaços de melão cristalizado e laranja. Para quem é fã de bolo, precisa conhecer as madeleines! Elas são originárias da cidade de Commercy, na região de Lorraine, no nordeste da França. Esses micro bolos tem forma de concha e representam uma tradição francesa. Aqui em casa, temos o hábito de comprar tanto a versão que vêm embaladas individualmente quanto as que vêm juntas em um grande saco.  Doces em conserva Se você gosta de geleia, opte por sabores diferentes, como damasco (“abricot”), cassis e cereja preta (“cerise noir”). Quanto às marcas temos, por exemplo, duas seleções mais refinadas de “confiture” extra de morango. Um fabricante é Alain Miliat e o outro é Albert Ménès. Essa lembrancinha pode ser comprada, respectivamente, no supermercado Monoprix e no Franprix. Se for ao Carrefour, a geleia Dordogne, Reflets de Franc é bem conceituada. Ainda nessa mesma seção do mercado você vai encontrar a compota de Marron Glacé, um creme feito de castanhas. Chocolates Na lista de doces não poderia deixar de incluir o chocolate. Em especial, indico a Valrhona, uma marca centenária, que dispõe até de um super passeio com degustações na cidade de Tain l’Hermitage. Se tiver interesse em visitar La Cité du Chocolat leia o post aqui.  Souvenir nº 3:  Queijos e charcutarias Os queijos fazem parte das refeições diárias dos franceses, com um consumo anual superior a 27 kg por pessoa. Eles são excelentes lembrancinhas para levar dos supermercados na França. Suas redes exibem seções impressionantes de “fromagerie”. Há mais de 338 variedades de queijos franceses distribuídos pelo país. Com certeza, você já deve ter provado ou pelo menos ouvido falar das celebridades: brie, camembert, roquefort. Esses são os rockstars do mundo dos queijos! E se a curiosidade está te matando para saber quais são os 10 queijos mais populares na França, dê uma espiada neste post! Um último detalhe importante é que você deve levar esta iguaria na mala despachada e sempre em embalagens fechadas. Quando mencionamos a charcutaria francesa, é inegável que estamos nos referindo a uma tradição culinária com séculos de história. Este termo abrange uma vasta gama de produtos que vão desde presuntos, patês, terrines, rillettes, até salsichas e salames.  Nesse quesito eu dou uma única indicação: procure produtos com a descrição “charcuteries de terroirs”. Isto é, você vai comprar itens que são valorizados pela sua origem regional específica, refletindo sabores autênticos e técnicas tradicionais de produção.

Se estiver à procura de um lugar surrealista para visitar na França, sugiro o Palais Idéal du Facteur Cheval. Este monumento construído com pedras representa um desafio arquitetônico genuíno e convida tanto crianças quanto adultos a explorarem um universo de fantasia. A narrativa por trás dessa edificação é tão fascinante que inspirou até a produção de um filme! Então, que tal descobrir mais detalhes sobre essa obra de arte e o seu criador? Venha comigo e leia este artigo. A biografia do carteiro Cheval (1836/1924) O responsável por esse monumento é um carteiro (“facteur”) chamado Joseph Ferdinand Cheval. Ele nasceu na cidade de Charmes, em 19 de abril de 1836. Nessa época, as crianças que residiam em áreas rurais frequentemente abandonavam a escola para auxiliar suas famílias nas atividades agrícolas. Por isso, aos 12 anos de idade, ele interrompeu sua trajetória educacional.  Cheval iniciou sua carreira como padeiro, trabalhando em algumas cidades como Valence, Lyon… No entanto, ele retornou a Hauterives, para o nascimento de seu primeiro filho, que sucumbiu ainda novinho. Logo após o seu retorno, ele se dedicou ao trabalho rural. Em 1867, quando surgiu a oportunidade de ocupar o cargo de carteiro (“facteur”) na prefeitura, ele se candidatou imediatamente. Essa profissão era um verdadeiro desafio, pois ele percorria 43 Km a pé diariamente em um terreno acidentado. Além disso, tinha de enfrentar rios, vales e a dureza do frio no inverno. Certamente a sua excelente condição física e o seu alto padrão moral foram os principais motivos que o mantiveram nessa carreira até os 60 anos, quando ele se aposentou.  Alguns anos depois, sua esposa Rosalie Revol faleceu. Seu segundo filho, que ele teve com ela, mudou-se para Lyon para viver com outros familiares. Durante suas entregas de correspondência, ele conheceu Claire-Philomène Richaud, que se tornou sua segunda esposa. Eles tiveram uma filha chamada Alice. Porém, ela veio a óbito em 1894, quando tinha 15 anos. Após essa perda, o carteiro ficou ainda mais determinado a finalizar sua obra. Logo após a morte de Alice, seu filho do primeiro casamento, voltou à cidade para trabalhar como alfaiate. Porém, ele teve um problema de saúde e não resistiu. Em seguida, sua leal companheira Philomène também se foi. Agora, ele contava somente com a presença de duas netas, filhas do alfaiate. Cheval faleceu aos 88 anos, em 19 de agosto de 1924, deixando um legado não apenas para seus descendentes, mas também para a cidade, França e, quem sabe, até para o mundo. A construção do Palácio (1879/1912) A obra teve início em abril de 1879, quando Cheval tinha 43 anos. Ele acidentalmente esbarrou em uma pedra e ao perceber a forma incomum dessa rocha, desgastada pela ação do tempo, resolveu levá-la para casa. A partir de então, começou a juntar todos os tipos de pedras que encontrava pelo caminho, transportando-as pouco a pouco com a ajuda de seu carrinho de mão. Esse monumento é fruto da sua fértil imaginação, inspirada pelas revistas ilustradas que ele entregava em suas andanças de carteiro e, claro, pelos cartões postais que ele colecionava. Depois do expediente, o carteiro ainda conseguia encontrar energia para construir seu palácio usando apenas, cal, cimento e as rochas encontradas na natureza. Ele era tão obstinado que, na cidade, sua reputação era de louco. Ao total foram 33 anos erguendo e lapidando esta obra de arte.  Embora sua vida fosse marcada por tragédias, após concluir seu palácio em 1912, aos 76 anos, ele dedicou mais oito anos para construir o mausoléu onde ele e sua família seriam enterrados. Em 1969, os órgãos responsáveis classificaram o Palais Idéal du Facteur Cheval como monumento histórico e conferiram-lhe o título de “arte ingênua“. Ao longo dos anos, muitos artistas famosos, como André Beten, Pablo Picasso, Tinguely, Max Ernst, Niki de Saint-Phalle, homenagearam sua obra. As faces e o interior do Palais Idéal du Facteur Cheval Fachada Leste e Sul Primeiramente, Cheval dedica a construir a fachada leste do palácio. No centro, uma fonte chamada “A Fonte da Vida”, foi a primeira construção realizada pelo incansável carteiro Cheval. À direita, decidiu colocar “A fonte da Sabedoria” e um túmulo egípcio, na esperança de ali ser sepultado com sua esposa.  À esquerda, construir um nicho secreto para esconder seu famoso carrinho de mão (“niche de la brouette”). Os três gigantes (César, Vercingétorix e Arquimedes) completam a fachada, que ostenta a inscrição “1899”. Ferdinand Cheval passou 20 anos criando esse lado leste, provando que a paciência é mesmo uma virtude ou uma loucura bem ornamentada! Ele prossegue a construção com a fachada sul. Ferdinand Cheval teve uma epifania de pré-histórica: ele ergueu seu Museu Antediluviano, uma caverna onde empilhou pedras que lhe são queridas. Galeria e Terraço Você pode entrar no palácio e acessar a galeria pelo lado oeste da construção. Em seu interior há um longo corredor, ornamentado de cima a baixo com conchas do mar. Tem lustres, modelagens em todas as paredes e muitas frases que dão o que pensar. E para dar aquele toque poético, o poema “Ton idéal, ton Palais” de Emile Roux Parassac, que inspirou o nome do monumento, está gravado na entrada da galeria. É ou não é uma viagem? Três escadas dão acesso ao terraço. Todavia, essa é a única parte da obra que os visitantes não podem ingressar. Ela é fechada com correntes, acredito que por razão de segurança. Nesse espaço, Chavel colocou a sua “pedra de tropeço“, a rocha que deu inspiração a essa surpreendente obra de arte. O terraço tinha um reservatório de água que abastecia o palácio e a Fonte da Vida, mas a água estava colocando em risco o edifício. Então, esse sistema foi cortado. Fachada Norte Por fim, ele termina a construção com a fachada norte. Ela é repleta de animais e figuras mitológicas. Sua imaginação o levou a esculpir cobras, jacaré, pelicano, sapo, fênix, minotauro etc. Localização, horários e tarifas do Palais Idéal du Facteur Cheval O Palais Idéal du Facteur Cheval está localizado numa cidade rural chamada Hauterives, região da