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Trabalho de cuidador de idosos na França

Já pensou em cuidar de pessoas, fazer a diferença na vida de alguém e ainda viver uma experiência internacional inesquecível? Trabalhar como cuidador de idosos na França pode ser o seu caminho! Neste guia leve e cheio de dicas práticas, respondo às dúvidas mais comuns de quem quer embarcar nessa jornada. O que exatamente faz um cuidador de idosos na França? No Brasil, essa profissão é geralmente conhecida como cuidador de idosos. Já na França, a nomenclatura mais comum é auxiliar de vida (auxiliaire de vie) ou ajudante domiciliar (aide à domicile). Esses profissionais acompanham pessoas com deficiência ou com perda de autonomia — seja por idade avançada, condição de saúde ou situação social — diretamente em seu domicílio. Mas, o cuidador pode prestar seus serviços em residências especializadas. Pois bem, mais do que oferecer apoio nas tarefas cotidianas, sua missão é garantir que a pessoa assistida mantenha sua dignidade, independência e protagonismo sobre a própria vida, dentro do ambiente familiar. Quais são as tarefas do dia a dia? Isso depende diretamente do grau de autonomia da pessoa assistida. Assim, entre as principais atividades estão: Quais qualidades são esperadas de um cuidador? Essa profissão exige não apenas técnica, mas também sensibilidade humana. As qualidades mais valorizadas incluem: capacidade de adaptação, gosto por relações humanas, discrição, boa comunicação, escuta ativa, empatia e paciência. Preciso falar francês? Sim, ao menos o básico. Você precisa se comunicar com os idosos, entender instruções médicas e interagir com a equipe. Portanto, um nível A2-B1 já é bastante útil. Felizmente, com a internet, aprender por conta própria nunca foi tão fácil! Existem vídeos, apps, cursos gratuitos e até comunidades que dão aquele empurrão. Aliás, escrevi um artigo justamente sobre isso: Como aprender francês sem gastar dinheiro. E quanto à documentação? Preciso de visto? Sim. Para brasileiros e estrangeiros de fora da União Europeia, é necessário obter um visto de trabalho. Geralmente, quem te contrata (como uma agência ou família) ajuda com esse processo. Preciso de formação para trabalhar como cuidador na França? Sim, é altamente recomendado ter uma formação específica. A principal delas é o DEAES – Diplôme d’État d’Accompagnant Éducatif et Social. Esse curso tem duração de 9 a 24 meses, com um conteúdo de 525 horas de teoria (378 horas de base comum + 147 da especialidade) e 840 horas de prática (estágios). Embora não faça exigência de um diploma anterior, o candidato precisa passar por entrevista oral para avaliar motivação e prova escrita sobre temas sociais. Mas não se desespere, outras certificações também são aceitas, tais como: Fiz um curso de cuidador no Brasil: ele vale na França? Não há um reconhecimento automático dos diplomas de cuidador obtidos no Brasil, mas formações técnicas como técnico em enfermagem, cuidador de idosos com certificado reconhecido pelo MEC, técnico em Gerontologia ou áreas afins, curso de auxiliar de enfermagem podem servir de base para um processo de validação ou equivalência, especialmente se incluírem estágio prático documentado. Para saber se o seu curso tem chances de ser reconhecido em solo francês, leia o artigo: Saiba como validar seu diploma na França Posso crescer na carreira? Com certeza! A profissão de cuidador domiciliar é considerada uma profissão do futuro na França. Você pode crescer para cargos de coordenação ou chefia de equipe, profissões sociais como, por exemplo, educador, técnico de intervenção social, além de profissões da saúde como auxiliar de enfermagem, auxiliar de puericultura. Realmente, há muitas oportunidades para quem quer evoluir. Onde vou morar? Preciso pagar aluguel? Alguns empregadores oferecem accommodation (moradia) incluída, especialmente quando o trabalho é como cuidador interno (que dorme na casa da pessoa). Outros ajudam a encontrar um local acessível. Como faço para conseguir um emprego? Você pode: Quanto ganha um cuidador de idosos na França ? De modo geral, o salário de um cuidador de idosos na França varia conforme a qualificação, experiência e região onde atua. Segundo o bonjoursenior.fr, a remuneração média gira em torno de 12,53 euros brutos por hora, porém esse valor pode ser maior em áreas com custo de vida elevado, como Paris.  Além disso, a Convenção Coletiva Nacional estabelece uma tabela salarial com doze níveis, que vão desde funções básicas até aquelas que exigem maior especialização, e consequentemente, salários mais altos.  Naturalmente, a obtenção de certificações, como o DEAES, influencia positivamente a remuneração, assim como o tempo de experiência do profissional. É importante lembrar que o salário bruto sofre deduções obrigatórias, o que reduz o valor líquido recebido no final do mês. Portanto, para quem deseja atuar como cuidador na França, entender esses fatores é essencial para planejar a carreira e as expectativas financeiras.

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Freelancer na França: Crie sua microempresa agora

Você já pensou em trabalhar como freelancer na França, escolher os seus próprios projetos, ter liberdade geográfica e por que não ganhar muito mais do que ganha hoje? Pois é, o estatuto de microempresa (ou auto-entrepreneur, como muita gente ainda chama) pode ser exatamente o empurrão que você precisava para começar essa nova fase. Neste artigo, explico de forma simples e prática como freelancers podem abrir uma microempresa na França. Vamos falar dos prós, contras, os cuidados e aquelas dicas que ninguém te conta, mas que fazem toda a diferença. Quem pode ser considerado freelancer na França ?  Na França, freelancer é toda pessoa que trabalha de forma autônoma, sem vínculo empregatício, prestando serviços por conta própria para empresas ou clientes individuais. Não existe uma categoria legal chamada “freelancer”, mas sim regimes jurídicos (como micro-entrepreneur) que permitem exercer esse tipo de atividade.  São exemplos comuns de freelancers: Profissionais criativos: designers, fotógrafos, redatores, ilustradores, editores de vídeoTecnologia: programadores, desenvolvedores web, analistas de dados, técnicos em TIIdiomas: tradutores, professores de línguas, revisoresConsultoria: marketing, comunicação, RH, coachingServiços diversos: assistentes virtuais, contadores, terapeutas, massagistas, etc.  Por que legalizar seu trabalho como freelancer na França? Legalizar seu trabalho como freelancer na França traz muitas vantagens, entre elas: Evitar problemas com impostos e fiscalização, a possibilidade de emitir faturas legalmente, facilidade de obter contratos com empresas e agências, acesso a benefícios sociais como aposentadoria e seguro de saúde, além de fortalecer processos de renovação de visto ou solicitação de residência. Por fim, não poderia deixar de mencionar que também é uma forma de mostrar profissionalismo e ampliar suas oportunidades no mercado francês. Quais as vantagens de abrir uma microempresa? O regime mais comum e vantajoso para freelancers iniciantes na França é o de microempreendedor. Esse estatuto oferece diversos benefícios, entre os quais se destacam: 1ª) Criação do super simples: você faz tudo online, direto pelo site oficial autoentrepreneur.urssaf.fr.2ª) Pouca burocracia: você só precisa declarar seu faturamento todo mês (ou trimestre) e manter um registro das receitas.3ª) Conta bancária simplificada: só precisa ter uma conta separada da pessoal se você faturar mais de €10.000 por dois anos seguidos.4ª) Isenção de TVA (IVA): o famoso imposto sobre valor agregado. Na microempresa, você não cobra nem paga TVA enquanto estiver abaixo de um certo limite — o que significa que o que você fatura é praticamente o que entra no seu bolso (tirando, claro, as contribuições sociais).5ª) Sem contador obrigatório: você mesmo pode gerenciar tudo com a ajuda de um bom software (tipo o Freebe). Quais as desvantagens de abrir uma microempresa? Não é porque é simples que não tem armadilha. Fica de olho, porque as principais desvantagens são as seguintes: 1ª) Limite de faturamento: se você presta serviços (como design, consultoria, tradução, etc.), não pode ultrapassar €77.700 por ano. Se vende produtos, o teto sobe para €188.700. E se fizer os dois? Tem que ficar de olho nos dois limites.2ª) Você não pode deduzir despesas: diferente de outros regimes, aqui o imposto é cobrado sobre o que entra, não sobre o que sobra. Ou seja, comprou um computador caríssimo? Vai pagar imposto como se fosse lucro.3ª) Sem sócios: é um regime individual. Quer empreender com alguém? Cada um vai precisar ter o seu CNPJ francês (SIRET).4ª) Credibilidade limitada: para investidores e bancos, o regime pode parecer “fraco”. Por exemplo, um banco pode não considerar 100% da sua renda na hora de analisar um pedido de empréstimo. Mas, com um bom histórico e organização, dá pra contornar isso. Qual o passo a passo para o freelancer abrir sua microempresa na França?  Antes de abrir sua empresa como freelancer na França, o primeiro passo é verificar seu status de residência. É necessário possuir um título de residência que autorize o exercício de atividade autônoma, com a menção “Profession Libérale” ou à indicação “toutes activités”.  Além do mais, você vai fazer tudo pelo site da URSSAF (autoentrepreneur.urssaf.fr), e o processo todo leva cerca de 15 a 30 dias para você receber o número SIRET (que é o “CNPJ” da sua empresa). Durante esse processo, será necessário enviar alguns documentos básicos: uma cópia do seu passaporte ou título de residência, um comprovante de endereço e o formulário preenchido diretamente na plataforma. 💡 Dica: você já pode começar a emitir notas fiscais antes de receber o SIRET, colocando a menção “en cours d’immatriculation” na nota. O mais chato aqui é escolher a categoria correta da sua atividade (BIC ou BNC), que vai impactar nas taxas. Se tiver dúvida, vale a pena consultar um especialista ou até usar um serviço pago para te ajudar com o processo. Como se dá o pagamento de impostos e contribuições? Aqui é onde muita gente se perde, então vamos descomplicar: Contribuições sociais: 📌 Importante: se você não faturar nada, não paga nada. Zero mesmo. Imposto de renda: Existem duas opções: CFE (Cotisation Foncière des Entreprises):  Taxa anual que varia conforme a cidade e o tipo de atividade. No geral, fica entre €100 e €500 por ano. No primeiro ano, muitas vezes é isento. Quais são as ajudas financeiras disponíveis para o freelancer na França? Você pode ter direito a ajudas para começar: 🔁 Outra dica: Você pode ultrapassar o limite de faturamento por dois anos seguidos antes de ser transferido automaticamente para o regime de empresa individual. Isso te dá margem para crescer sem pressa.

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Livros franceses: para crianças, adultos e apaixonados pela língua!

Livros franceses são uma porta de entrada poderosa para quem quer aprender o idioma e se conectar de verdade com a cultura. Seja você imigrante recém-chegado, alguém se preparando para mudar de país ou apenas apaixonado pelo francês. Ler em francês é uma das formas mais naturais — e prazerosas — de se familiarizar com a língua no dia a dia. Mas por onde começar? Quais títulos realmente valem a pena? Aqui, compartilho os livros em francês que leio para mim e para minha filha de 2 anos, os preferidos do meu marido francês e até algumas recomendações especiais do meu enteado adolescente. Vem descobrir como tornar o francês parte do seu dia a dia com páginas que ensinam, emocionam e divertem! Livros franceses para bebês e crianças pequenas Se tem uma coisa que aprendi vivendo na França com minha filha é que os livros infantis fazem parte da cultura tanto quanto uma baguette fresquinha no fim da tarde. Eles não só ajudam no aprendizado do idioma, mas também criam laços com os pequenos — e com o jeito francês de ver o mundo. Aqui vão três títulos que são queridinhos aqui em casa (e em praticamente toda livraria ou escola maternal por aqui): 📖Popotam – Agnè Besson e ilustrada por Fabien Öckto-Lambert Aqui em casa, a coleção Popotam, publicada pela Larousse Jeunesse, já virou queridinha. Essa série francesa de livros infantis é perfeita para crianças a partir dos 18 meses — como a minha filha, que simplesmente adora! O protagonista, o Popotam, é um hipopótamo adorável e desajeitado, com um jeitinho super carismático. Ele vive situações do dia a dia que são muito próximas da realidade dos pequenos, o que facilita a identificação. Escovar os dentes, aprender a usar o penico, lidar com a raiva ou com o apego ao seu “doudou” (paninho ou bichinho de apego) — tudo é tratado com leveza, humor e muito afeto. Aqui temos alguns títulos da coleção: Popotam se brosse les dents, Popotam va sur le pot, Popotam est en colère e Popotam aime son doudou. Cada leitura é uma descoberta, e ver minha filha interagindo com as histórias é uma delícia. E o melhor de tudo? Os livros são em formato cartonado, com aquelas páginas grossas e super resistentes. Ou seja, não preciso me preocupar com rasgos, rabiscos ou páginas amassadas. É o tipo de livro que sobrevive ao entusiasmo de uma criança pequena — e isso, para mim, já faz toda a diferença. 📖T’choupi – Thierry Courtin T’choupi é praticamente uma celebridade entre os pequenos franceses — e não é à toa. Com sua aparência arredondada, que lembra a de um pinguim, ele conquista facilmente as crianças. Seu corpo tem uma plumagem lisa, em tons de cinza e branco, e seu jeitinho curioso encanta logo nas primeiras páginas. Assim como outros personagens queridos da literatura infantil, T’choupi vive situações comuns do dia a dia das crianças: ir à creche, brincar com os amigos, fazer bagunça em casa e até lidar com o medo do escuro. São temas simples, mas tratados com sensibilidade e muita identificação. As histórias são curtinhas, com vocabulário acessível e bastante repetição — o que, aliás, é excelente para quem está começando a aprender francês com os filhos. A repetição ajuda a fixar palavras e frases no cotidiano, tornando o aprendizado mais natural e divertido. Ideal para crianças de 2 a 4 anos, T’choupi também agrada aos adultos. Porém, um aviso importante: você provavelmente vai acabar decorando falas inteiras. Mas, convenhamos, isso só mostra o quanto as histórias se tornam parte da rotina familiar. 📖 Petit Ours Brun – Danièle Bour & Marie Aubinais Outro ursinho amado por aqui, o Petit Ours Brun é doce, curioso e meio teimoso — como qualquer criança pequena. Os livros trazem cenas bem próximas da realidade: aprender a dividir brinquedo, sair para passear com os avós, ajudar na cozinha… A linguagem é simples, e o traço dos desenhos tem um charme retrô irresistível. Também recomendado para a faixa dos 2 aos 4 anos. Livros franceses para crianças e adolescentes 📖 Le Monde de Sophie – Nicoby e Vincent Zabus Saindo um pouco do universo dos livros para os bem pequenos, quero compartilhar um livro que tenho em casa e que me marcou bastante: a bande dessinée Le Monde de Sophie, inspirada no clássico de Jostein Gaarder, Le Monde de Sophie (O Mundo de Sofia). Essa versão em quadrinhos, publicada pela Rue de Sèvres, é uma adaptação brilhante da obra original — e sim, eu li e recomendo muito! Assim como no livro, acompanhamos Sophie, uma adolescente que começa a receber cartas misteriosas e embarca em uma verdadeira aventura filosófica. Ela passa por temas e pensadores essenciais, de Sócrates a Galileu, explorando ideias que moldaram o pensamento ocidental. O que mais me encantou nessa HQ foi a forma leve e visual com que os conceitos filosóficos são apresentados. Mesmo abordando temas profundos como ética, existência e ciência, a narrativa é acessível e envolvente, ideal para jovens leitores que estão começando a se interessar por grandes questões da vida. Assim como o original, esta versão convida à reflexão, mas com um ritmo mais dinâmico e uma estética que prende o olhar. É perfeita para crianças a partir dos 10 ou 11 anos, especialmente aquelas que já fazem perguntas que desafiam o óbvio. Ter esse livro em casa tem sido uma ótima forma de introduzir a filosofia de maneira natural e prazerosa. E o mais legal: ele não entrega todas as respostas, mas sim desperta a curiosidade — exatamente como um bom livro deve fazer. 📖 Le Petit Prince – Antoine de Saint-Exupéry Esse foi o primeiro livro que li em francês — e confesso: me marcou de um jeito especial. A edição que ganhei era daquelas ilustradas e pop-up, com páginas em que os personagens literalmente saltam do livro (não sei o nome técnico, mas é mágica pura). Embora seja um clássico muitas vezes associado à infância, eu recomendo fortemente a leitura também

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Morar na França: o que ninguém te conta

Morar na França parece um sonho… até você chegar. Recomeçar costuma ser doloroso. E o impacto emocional disso… é o que ninguém te conta. É por isso que estou aqui: para te preparar de verdade. Este artigo é para você que sonha em morar na França, mas quer saber a real — sem romantização, sem filtros. Vamos lá? O que eu faria diferente (emocional e psicológico) Se eu pudesse voltar no tempo, uma das primeiras coisas que eu faria, sem dúvida, seria começar terapia ainda no Brasil. Isso porque eu subestimei o impacto psicológico de imigrar. A verdade é que, ao chegar aqui, tudo te tira do eixo: o idioma, a solidão, o isolamento cultural, a falta de familiaridade com absolutamente tudo. Além disso, eu também teria começado a construir uma rede de apoio ainda antes de sair do Brasil — mesmo que fosse online. Se, por acaso, eu tivesse conhecido brasileiros que já viviam aqui, teria chegado com muito mais consciência da realidade. E mais importante ainda: eu teria buscado me conectar com franceses antes mesmo da mudança. Conversado com nativos, participado de grupos no Facebook ou em apps de conversação como, por exemplo, o Hellotalk. Sem dúvida, isso teria feito toda a diferença — não só no idioma, mas na sensação de pertencimento. Porque confiar tudo — apoio, escuta, adaptação — a uma única pessoa, mesmo que seja seu marido ou companheiro, é um peso enorme. Afinal, quando essa pessoa é seu único laço, tudo se mistura: frustração, dependência, solidão, cobrança… Você se sente preso emocionalmente — e isso fragiliza até os relacionamentos mais fortes. Por outro lado, ter pelo menos um amigo, ou qualquer outro contato fora do seu parceiro, traz alívio, autonomia e mais equilíbrio emocional. Se eu soubesse disso antes, teria feito de tudo pra não chegar aqui sozinha — mesmo estando acompanhada. Por fim, posso dizer com convicção: trabalhar o emocional com antecedência, certamente te fará sofrer menos no começo. Morar fora é incrível, sim, mas também é solitário, frustrante e exaustivo. Portanto, você precisa estar inteiro para aguentar esse recomeço. O que eu faria diferente (prático e financeiro) Se tem algo que me pegou de jeito foi a maternidade fora do meu país. Minha filha nasceu na França — e eu passei por exames, consultas e o parto sem entender direito o que estava acontecendo. Mesmo com francês intermediário, o vocabulário médico me travava. Eu me sentia vulnerável, insegura e sozinha. E não foi por falta de querer — é que o idioma pesa, e pesa muito quando o assunto é saúde, corpo e filho. E mesmo morando com um francês, a burocracia nos engoliu. Traduções juramentadas caríssimas, documentos que vinham do Brasil, voltavam, davam erro… Gastos que ninguém menciona, mas que somam rápido: E no meio disso, minha carreira travou. O que eu fazia no Brasil aqui não tem o mesmo valor. O meu currículo simplesmente não encaixava no modelo francês. Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito duas coisas fundamentais: Na França, tudo exige capacitação. É um país de diplomas e validações — e se você não tem o que é pedido, não entra. Conselho direto pra quem deseja morar na França Se você ainda está no Brasil e sonha em morar na França, não tome essa decisão no impulso. Não venha movido pela raiva do Brasil ou pela ilusão das redes sociais. Morar aqui transforma, sim — mas também exige que você recomece em outra base. E isso não é só sobre idioma ou papelada: é sobre quem você é, o que você traz e como você se posiciona. Então, se eu pudesse te deixar um único conselho, baseado em tudo que eu faria diferente, seria esse: Você não precisa ter tudo resolvido. Mas, precisa saber para onde está indo. Porque clareza e preparo profissional são o que separam quem sobrevive de quem realmente consegue recomeçar. E aqui no França na Real, eu vou te ajudar a construir esse caminho — passo a passo. Esses artigos podem te interessar:

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Como ser motorista da Uber na França: Guia completo

Está morando na França ou pensando em começar uma nova vida por aqui? Se você tem carteira de motorista e procura uma forma prática de ganhar dinheiro com flexibilidade, então trabalhar como motorista de Uber na França pode ser uma excelente alternativa. Neste post, você vai entender passo a passo tudo o que precisa para entrar nessa atividade. Vou mostrar quem pode exercer a função, quais documentos são exigidos e como funciona o processo de legalização. Além disso, você verá quais são os custos envolvidos e o que fazer após a aprovação no exame. Portanto, leia até o final e descubra como transformar o volante em uma fonte de renda — legal, acessível e totalmente adaptável ao seu ritmo de vida em solo francês. Posso ser motorista da Uber estando ilegal na França?  Não, para trabalhar como motorista de VTC (incluindo Uber), você precisa estar legalmente residindo na França, ou seja, com um visto válido ou um titre de séjour. Ainda por cima, trabalhar sem documentos pode trazer sérias consequências: você pode receber uma multa de € 1.500, ser alvo de um processo de expulsão do território francês e ainda ter seu acesso à plataforma da Uber bloqueado, já que a empresa realiza uma verificação rigorosa dos documentos. Quais documentos preciso para trabalhar como motorista da Uber na França? Se você deseja trabalhar como motorista de Uber na França, é fundamental reunir uma série de documentos obrigatórios. Abaixo, explico os principais itens exigidos para atuar legalmente na função: 1. Carteira de habilitação válida Primeiramente, você precisa ter uma carteira de motorista válida há pelo menos três anos: 2. Certidão de antecedentes criminais É obrigatório apresentar uma ficha criminal limpa — o boletim nº 2 — que comprove a ausência de condenações incompatíveis com a profissão 3. Atestado médico oficial Você deve passar por um exame médico obrigatório, que ateste sua aptidão física e mental para trabalhar como motorista VTC (Véhicule de Transport avec Chauffeur). Como se não bastasse o atestado, ele só pode ser feito por um médico credenciado pela préfecture. Em outras palavras, não adianta se consultar com seu médico de família (médecin traitant), pois ele não está autorizado a emitir esse tipo de laudo. 4. Aprovação no exame VTC Você deve se inscrever no exame VTC através do site da Chambre de Métiers et de l’Artisanat (CMA) da sua região. A taxa de inscrição para esse exame é de € 221. Embora o curso preparatório para o exame não seja obrigatório, ele é fortemente recomendado, já que aumenta suas chances de aprovação. Os cursos duram entre 50 e 300 horas, e o valor pode custar entre € 400 e € 3.000 aproximadamente, dependendo da instituição e da quantidade de horas.  👉 Dica importante: Não se assuste com os custos, pois Você pode buscar apoio junto ao France Travail (antigo Pôle Emploi), órgão público que auxilia pessoas em busca de emprego. Lá, é possível solicitar uma ajuda de custo para financiar sua formação — um excelente recurso para quem está começando. O que cai no exame para motorista VTC na França? O exame divide-se em duas partes, quais sejam: uma prova teórica e outra prática. De acordo com o site entreprendre.service-public.fr, o exame teórico avalia conhecimentos em várias áreas importantes para a profissão, como: Por outro lado, a etapa prática consiste em uma simulação de corrida real, com aproximadamente 20 minutos de direção.. Durante esse teste, o avaliador vai observar: O que acontece após a aprovação no exame?  Depois de passar no exame, é hora de dar o próximo passo: pedir o seu cartão VTC. Você faz isso no site da sua préfecture e paga uma taxa de € 60. Esse cartão tem validade de 5 anos e deve ficar bem visível no para-brisa do carro, de um jeito que dê pra ver de fora. Mas, não para por aí! Você também precisa se cadastrar no sistema online chamado Portal Cerbère – é como um “clube oficial” dos motoristas VTC. Lá, você se registra no cadastro VTC, que é obrigatório para poder trabalhar legalmente como motorista. Esse registro também vale por 5 anos e custa € 170, que você paga direto pelo site. Posso usar minha carteira de habilitação brasileira? A CNH brasileira pode ser usada na França, mas depende da sua situação no país: Inclusive, escrevi um artigo muito interessante que vale a pena a leitura: Manual prático sobre carteira de motorista na França. Se eu já fui motorista profissional no Brasil, ainda preciso fazer o exame na França? Se você já trabalhou como motorista de ônibus, táxi, ambulância ou em outro serviço que transporta pessoas, é possível obter o cartão profissional de motorista VTC sem precisar fazer curso ou prova. É de graça e você só precisa pedir na sua prefeitura. Contudo, para ter esse direito de equivalência, é necessário ter trabalhado pelo menos um ano com transporte de passageiros nos últimos 10 anos.  É verdade que para ser motorista de Uber na França preciso abrir uma empresa?  Depois de passar no exame VTC, o próximo passo é escolher o status legal da sua empresa. Então, a resposta é “SIM” para sua pergunta. Como motorista VTC, você é considerado um artesão, então sua empresa precisa ser registrada no Registro Nacional de Empresas (RNE), dentro do setor de artesanato, independentemente do tipo de empresa que escolher. Escolhendo o status legal Você tem duas opções para escolher: Resumindo, se está começando e quer algo simples, escolha o status de microempresa. Caso  o negócio cresça e você queira mais benefícios, opte por criar uma empresa. Assim, você poderá seguir seu caminho com mais segurança e clareza! 🚗💼 Quais as exigências para o carro ser aceito como Uber Pro? Para trabalhar como motorista VTC, o seu carro precisa estar à altura da missão! O governo francês quer veículos modernos e confortáveis, então ele precisa ter, no máximo, 6 anos de uso – mas se for elétrico ou híbrido, pode ter até 7 anos. Nada de carrinho apertado: ele deve ter

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Como ser assistente maternal na França e trabalhar em casa

Está morando na França ou planejando sua mudança para cá? Se você adora crianças e busca uma forma de trabalhar no conforto da sua casa, existe uma excelente oportunidade: tornar-se assistente maternal (ou assistante maternelle, em francês). Neste post, você vai descobrir como funciona essa profissão, quais os requisitos para exercer legalmente essa atividade, quais documentos precisa reunir, como conseguir a autorização (agrément), e até mesmo quanto é possível ganhar cuidando de crianças em casa. Portanto, leia até o fim e surpreenda-se com as possibilidades de construir uma nova vida profissional — estável, acolhedora e adaptada ao seu ritmo — no coração da França. O que faz uma assistente maternal na França? Uma assistente maternal é uma profissional autorizada pelo governo francês a cuidar de crianças pequenas em sua própria casa, de maneira legal, estruturada e remunerada. Além disso, essa é uma das profissões mais valorizadas quando se trata de acolhimento infantil fora da creche tradicional (crèche), especialmente para crianças de 0 a 6 anos. Diferentemente de uma babá (nounou), que trabalha na casa da família, a assistente maternal recebe as crianças em sua própria residência, previamente adaptada para garantir segurança, conforto e bem-estar. Nesse contexto, ela cuida da alimentação, higiene, sono, brincadeiras e desenvolvimento das crianças ao longo do dia. Tudo isso se realiza seguindo uma rotina personalizada, com acompanhamento dos pais e, sobretudo, sob regras definidas pelo Estado. Por fim, é importante destacar que, por lei, uma assistente maternal pode cuidar de até quatro crianças ao mesmo tempo. No entanto, isso depende do espaço disponível e do tipo de autorização que recebe, chamada de agrément, emitida pelo Conselho Departamental. O que faço se eu não quiser trabalhar sozinha em casa? Existe também uma alternativa muito interessante e cada vez mais comum na França: a MAM – Maison d’Assistantes Maternelles. A MAM é uma casa ou espaço adaptado, situado fora da residência pessoal da profissional, onde duas a quatro assistentes maternais trabalham juntas. Cada uma é responsável por suas próprias crianças, porém todas compartilham o mesmo ambiente. Em outras palavras, trata-se de uma pequena creche privada com um ambiente familiar, onde as profissionais podem se apoiar mutuamente, organizar atividades em grupo e, consequentemente, oferecer um espaço mais amplo e estruturado. A principal vantagem da MAM é justamente essa combinação entre autonomia profissional e trabalho em equipe. Além disso, o modelo permite que assistentes maternais que não desejam — ou não têm condições — de acolher crianças em sua própria casa possam, ainda assim, exercer a profissão legalmente. Dessa forma, a MAM amplia as possibilidades de atuação e fortalece a rede de acolhimento infantil de maneira mais flexível e colaborativa. O que preciso para trabalhar como assistente maternal na França? ​Para se tornar uma assistente maternal na França, é necessário obter um agrément (autorização oficial) concedido pelo Conselho Departamental da sua região. 🧩 Etapas para obter o agrément: 1. Participar de uma reunião informativa Os serviços de Proteção Materno-Infantil (PMI) do seu departamento organizam encontros para apresentar a profissão, as responsabilidades envolvidas e os critérios de aprovação. 2. Preencher e enviar o formulário oficial Você deverá completar o formulário Cerfa n° 13394*05 e enviá-lo com os documentos exigidos (comprovante de residência, atestado médico, entre outros) ao serviço responsável do seu departamento. 3. Verificação dos antecedentes criminais O Conselho Departamental solicitará o extrato do boletim nº 2 do seu registro criminal. Além disso, serão verificados os antecedentes criminais de todas as pessoas com mais de 13 anos que moram na sua casa, para garantir que o ambiente é seguro para as crianças. 4. Visita da PMI à sua residência Ao longo de três meses, o serviço de PMI irá analisar sua motivação e as condições de recepção por meio de uma ou mais entrevistas, além de realizar uma visita ao local onde você acolherá as crianças. 5. Avaliação de competências e motivação Durante a visita, também será avaliado se você tem os conhecimentos necessários sobre o desenvolvimento infantil e se demonstra motivação e equilíbrio emocional para exercer a profissão. 6. Formação obrigatória Após a concessão do agrément, você deve realizar uma formação inicial de 120 horas, com conteúdos sobre cuidados com crianças, primeiros socorros, segurança, rotinas e legislação da profissão. Como funciona a formação obrigatória de assistente maternal? A formação obrigatória para se tornar assistente maternal é organizada e financiada pelos serviços de proteção materno-infantil (PMI) do departamento. Com duração total de 120 horas, essa formação é dividida em duas etapas. Primeiramente, o curso inclui 80 horas iniciais, que devem ser concluídas antes da emissão da aprovação oficial. Em seguida, há uma etapa complementar de 40 horas, que precisa ser realizada dentro de um prazo de três anos após o acolhimento da primeira criança. Ao término do processo formativo, realiza-se uma avaliação final. Caso a profissional seja validada, ela recebe um certificado que a autoriza oficialmente a exercer a função de assistente maternal. Posso realizar uma formação antes de pedir a aprovação para ser assistente maternal?  Muitas mulheres que querem ser assistentes maternais escolhem fazer uma formação antes de entrar com o pedido oficial. Isso traz várias vantagens!  Primeiro: se você já tiver feito um curso, pode ser que não precise fazer tudo de novo. Assim, começa a trabalhar mais rápido.  Segundo: fazer o curso antes mostra que você está realmente interessada e preparada. Isso ajuda muito na hora de conseguir a aprovação. Onde posso fazer o curso? Há um curso recomendado pelo site oficial do governo, o France Emploi Domicile, chamado “Assistant Maternel/Garde d’enfants“, oferecido pela IPERIA (Institut pour la Professionnalisation des Emplois de la Famille). Esse curso divide-se em etapas, e você pode realizar uma de cada vez. Vale a pena visitar esses sites e ler todas as informações com calma e paciência. Além do mais, o France Emploi Domicile indica também o diploma chamado CAP ou o DE, que ajuda muito quem quer trabalhar com crianças pequenas. Existe mais algum passo depois da aprovação? Sim, mesmo após a aprovação oficial como assistente maternal, ainda é necessário cumprir algumas

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Emprego Público na França Sem Passar em Concurso

Você está se mudando para a terra do Croissant ou já vive aqui e começa a pensar em estabilidade profissional? Talvez, como eu, você tenha decidido construir sua vida neste país e esteja em busca de oportunidades mais seguras e com melhores benefícios. Além disso, a França oferece diversas opções interessantes para quem busca uma vida profissional mais tranquila e duradoura. Quando pensamos em estabilidade, a primeira coisa que vem à mente é o famoso emprego público. No entanto, será que é preciso, obrigatoriamente, passar em concurso para conseguir uma vaga nesse setor na França? Felizmente, a resposta pode ser diferente do que você imagina. Neste sentido, vou compartilhar informações práticas que irão te ajudar a entender como funciona esse mercado e de que maneira você pode acessá-lo, mesmo sem precisar passar por um concurso. Por isso, continue lendo e descubra todas as possibilidades! Um brasileiro legalizado pode ter um emprego público na França? Sim, pode — em muitos casos. Mas depende do tipo de cargo e da administração (nacional, regional ou local). ✅ Quando é possível: Agora um detalhe importante: Se você tem cidadania europeia, terá quase os mesmos direitos que os franceses. Isso significa que poderá ter um emprego público na França, inclusive em cargos estatutários, desde que preencha os requisitos do cargo. Contudo, fique ciente que existem cargos exclusivos para quem tem nacionalidade francesa.  Quais são os cargos públicos disponíveis sem concurso na França? Essa pergunta não tem uma resposta única, já que o setor público francês é vasto e as oportunidades podem variar bastante de acordo com a região, a demanda e o tipo de administração. No entanto, uma coisa é certa: existem áreas que tradicionalmente oferecem mais vagas para os chamados contractuels — profissionais contratados sem necessidade de concurso. As áreas com mais oportunidades para esse tipo de contrato são: Qual é, em média, a duração e o salário de um emprego público na França obtido sem concurso? Empregos públicos na França acessados sem concurso geralmente são oferecidos por meio de contratos de duração determinada. Esses contratos podem variar de alguns meses até 3 anos, com possibilidade de renovação, dependendo do cargo e da administração pública contratante. Quando se trata de salário, é fundamental compreender em qual categoria funcional a vaga se enquadra, pois isso influencia diretamente a remuneração. No serviço público francês, as funções são divididas em três categorias principais: 1. Categoria A 2. Categoria B 3. Categoria C Como encontrar e se candidatar a essas vagas públicas?Depois de entender que é possível trabalhar no setor público francês sem concurso, surge a pergunta prática: onde encontrar essas oportunidades? Pois bem, eu uso o site choisirleservicepublic.gouv.fr/nos-offres e recomendo muito! Nele, você consegue pesquisar vagas em diversas áreas da administração pública de forma simples e personalizada. 🔍 O que acho mais interessante: É possível utilizar vários filtros para refinar sua busca: região, área de trabalho, tipo de contrato e até se a vaga oferece ou não teletrabalho. Isso facilita bastante encontrar algo que realmente se encaixe no seu perfil e nas suas necessidades. ✨ Outro ponto super útil: Ao se cadastrar na plataforma, você pode ativar notificações para receber alertas sempre que surgir uma nova vaga de emprego que corresponda aos seus critérios. Dessa forma, você garante que não perderá nenhuma oportunidade! Como preparar um bom CV e uma carta de motivação para o setor público francês? Se você está em busca de uma vaga no serviço público na França, mesmo sem concurso, é essencial adaptar seus documentos ao padrão local. Isso faz toda a diferença na hora da seleção, já que o formato e os requisitos são bem específicos. 📄 CV no modelo francês ou europeu O currículo deve seguir o modelo francês ou europeu (Europass), que são mais objetivos e padronizados do que o formato que usamos no Brasil. Algumas características importantes: 💌 Carta de motivação (Lettre de motivation) Essa é uma parte cultural muito importante na França — e muitos brasileiros não estão acostumados, já que no Brasil raramente se pede esse tipo de documento. Aqui, a carta de motivação é obrigatória para quase todas as candidaturas, seja para emprego, estágio ou até mesmo para entrar na universidade. Na carta, você deve: ✍️ Dica pessoal: Evite copiar e colar cartas genéricas, pois o recrutador percebe, e isso pode prejudicar sua candidatura. Vale a pena investir um tempo para fazer algo bem alinhado à vaga! Por que tentar um emprego público na França ? Uma pessoa com um bom currículo deveria considerar buscar uma vaga na função pública francesa, pois quem está acostumado a desempenhar bons cargos no Brasil pode encontrar dificuldades em se adaptar aos subempregos na França, que muitas vezes não oferecem as mesmas condições de desenvolvimento profissional e estabilidade. Embora empregos como faxineira ou em supermercados sejam opções válidas e importantes para se estabelecer financeiramente no início, buscar uma oportunidade na função pública pode proporcionar uma base mais segura e um desenvolvimento profissional mais alinhado com as qualificações e experiência adquiridas no Brasil, contribuindo para um futuro mais estável e com mais oportunidades de crescimento. É uma escolha estratégica para quem deseja integrar-se de forma mais duradoura ao mercado de trabalho francês, sem desmerecer o valor das experiências iniciais que podem ser essenciais para a adaptação ao novo contexto.

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Criança bilíngue: como ajudá-la falar português na França

Você e sua família estão de mudança para a França? Ou talvez, como eu, você tenha formado uma família com um francês (ou uma francesa) e agora tem filhos crescendo em um ambiente bilíngue? Aqui em casa, eu vivo com meu companheiro francês e temos uma filha de 2 anos. Desde o nascimento, temos usado algumas táticas no dia a dia para garantir que o português faça parte da vida — e do futuro — de nossa filha. Criar criança bilíngue é um desafio, mas também uma grande oportunidade. É possível, sim, que seus filhos cresçam falando fluentemente o idioma do país onde vivem e, ao mesmo tempo, preservem a língua e a cultura brasileira. Com algumas estratégias e bastante afeto, o português pode seguir forte dentro de casa — e no coração das crianças. Por que é importante manter o português em casa? Em primeiro lugar, o idioma fortalece os laços com a família brasileira. Além disso, falar português permite à criança acessar uma rica bagagem cultural: músicas, histórias, tradições. Como se não bastasse, estudos mostram que o bilinguismo favorece o desenvolvimento cognitivo. 1. Fortalecimento dos laços familiares O domínio do português permitirá que seus filhos se comuniquem com avós, tios, primos e outros familiares no Brasil, mantendo vínculos afetivos importantes. Essa conexão direta com a família amplia o senso de pertencimento e identidade cultural.​ 2. Preservação da cultura brasileira A língua é um veículo da cultura. Ao falar português, seus filhos terão acesso a músicas, histórias, tradições e valores brasileiros, enriquecendo sua formação cultural e proporcionando uma visão de mundo mais ampla.​ 3. Benefícios cognitivos do bilinguismo Estudos indicam que criança bilíngue desenvolve habilidades cognitivas superiores, como melhor atenção, flexibilidade mental e capacidade de resolução de problemas. O bilinguismo precoce está associado a vantagens no desenvolvimento cognitivo, como controle inibitório e percepção metalinguística. ​revistas.pucsp.br 4. Oportunidades acadêmicas e profissionais Ser fluente em português e francês abre portas para oportunidades educacionais e profissionais em diversos países. O domínio de múltiplas línguas é um diferencial competitivo no mercado de trabalho globalizado.​ 5. Desenvolvimento da autoestima e identidade Manter o português em casa contribui para que a criança desenvolva uma identidade bilíngue sólida, valorizando suas raízes e se sentindo segura em diferentes contextos culturais. Isso fortalece a autoestima e a capacidade de adaptação. Quando começar a ensinar o português? Se você está se perguntando qual é o momento certo para apresentar dois idiomas ao seu filho, a resposta é: quanto antes, melhor! Especialistas em linguagem e neurociência recomendam começar desde os primeiros dias de vida — e, se possível, ainda na barriga. O cérebro dos bebês é uma esponjinha, super aberto a novos sons, ritmos e padrões de fala. É uma fase ideal para introduzir naturalmente mais de um idioma, sem pressão e com muito afeto. Qual técnica deve-se utilizar para a criança se tornar bilíngue? Aqui em casa, meu marido fala português (brasileiro) quase como um nativo! Já eu, quando cheguei à França, meu francês era bem básico. Então, quando nossa filha nasceu, era natural que eu falasse com ela em português — minha língua materna. Com o tempo, meu francês melhorou e começamos a refletir sobre como equilibrar os dois idiomas na rotina da nossa filha. Foi então que seguimos um conselho valioso da pediatra: adotar a abordagem OPOL (One Person, One Language) — ou “uma pessoa, um idioma”. A proposta é simples: cada adulto fala com a criança sempre no mesmo idioma. No nosso caso, meu companheiro fala em francês e eu, em português — a minha língua do coração, aquela em que me sinto mais à vontade para demonstrar afeto, cantar, contar histórias e acolher. Segundo a pediatra, é fundamental que cada idioma esteja ligado a vínculos afetivos verdadeiros. Isso fez muito sentido para nós. Hoje seguimos assim: cada um no seu idioma, de forma natural e com carinho. É lindo ver como nossa filha constrói pontes entre os dois mundos — com as palavras, os sons e o amor envolvido. Além do OPOL, existe também a estratégia da “Língua Minoritária em Casa” (MLAH), onde todos falam em casa o idioma que não é dominante no país. É uma técnica eficaz, mas no nosso caso ela só funciona porque meu marido fala português com fluência. Se não fosse assim, talvez criasse barreiras na relação dele com nossa filha — e isso, para nós, não valeria a pena. Como estimular o português no dia a dia da criança bilíngue? Estimular o português em casa, especialmente vivendo fora do Brasil, é mais sobre criar conexões do que ensinar formalmente. O segredo está na constância, no afeto e na criatividade. Aqui vão algumas dicas que funcionam bem (inclusive aqui em casa!): Converse muito, em português Fale com seu filho(a) em português desde cedo, sobretudo: o que está fazendo, o que vai acontecer no dia, o que estão comendo, vendo, sentindo… Quanto mais natural for a exposição, melhor.  Leia livros infantis em português A leitura é uma ferramenta poderosa para expandir o vocabulário, desenvolver a estrutura das frases e, de quebra, mergulhar a criança na cultura brasileira. Criar uma rotina de leitura, mesmo que seja só por 10 minutinhos antes de dormir, já faz uma grande diferença. Na minha última viagem ao Brasil, voltei com a mala recheada de livrinhos para colorir, materiais de alfabetização e, claro, várias revistinhas da Turma da Mônica — um clássico que atravessa gerações e encanta os pequenos com histórias simples, engraçadas e cheias de brasilidade. Além de estimular a leitura, esses materiais ajudam a criança a criar um vínculo afetivo com o idioma. Ouça músicas brasileiras Cantigas de roda, MPB, trilhas infantis brasileiras… a música ajuda na memorização e torna o aprendizado divertido e afetivo. Desenhos e vídeos em português Sempre que possível, priorize conteúdos audiovisuais em português. O YouTube está cheio de canais infantis brasileiros de qualidade, e as plataformas de streaming costumam ter várias opções de desenhos dublados. Aqui em casa, o nosso favorito é o canal Palavra Cantada — acho incrível

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Minha experiência com o Exame DELF B2 na França

Se tem algo que realmente mexe com os nervos de todo mundo e deixa qualquer pessoa cheia de ansiedade, é encarar uma prova! Seja para a carteira de motorista, escola, concurso público, ou até o Delf B2. Neste artigo, vou compartilhar minha experiência e as dicas incríveis que só quem passou por isso pode contar. Então, vem comigo e descubra o que fazer (e o que evitar) para garantir aquele ‘sim’ no seu exame! O que é o DELF B2 ?  O exame de proficiência no idioma francês possui 6 níveis, de A1 a C2, sendo organizado através de dois sistemas: o DELF (Diplôme d’Études en Langue Française) e o DALF (Diplôme Approfondi de Langue Française). Os níveis A1, A2, B1 e B2 são de aprendizado elementar a intermediário, enquanto C1 e C2 são níveis avançados, com o DALF destinado a esses níveis. O nível A2 é normalmente exigido para solicitar o titre de séjour (autorização de residência), enquanto o B1 é o nível necessário para requerer a nacionalidade francesa. O nível B2 é o mais comum, pois é o recomendado para quem deseja ingressar em uma universidade francesa. Este nível, na verdade, é intermediário a avançado, já que, para estudar em uma universidade, o candidato deve ser capaz de falar, ouvir, escrever e compreender o francês com fluência, quase como um nativo. Por que fazer o DELF B2?  O certificado DELF/DALF é válido para a vida inteira, o que significa que você não precisará fazer novamente o exame para comprovar seu nível de francês no futuro. No caso do DELF B2, é especialmente interessante porque ele abre muitas portas, não apenas para a entrada em universidades francesas, mas também para oportunidades profissionais, especialmente na França e em outros países francófonos. Pessoalmente, decidi fazer esse exame como um desafio para finalmente desbloquear meu francês. Sabe quando você sente que não consegue avançar no idioma? Era exatamente isso que estava acontecendo comigo. Ao optar por fazer essa prova, estabeleci uma meta concreta e alcançável. Além disso, é uma maneira de afirmar para mim mesma que, com o diploma, terei o nível de francês necessário para viver na França com confiança e tranquilidade. Quanto tempo é necessário para se preparar para a prova ? Essa é uma pergunta difícil de responder, pois o tempo necessário para a preparação depende de cada pessoa e do seu nível de dedicação. No meu caso, eu vinha praticando francês há anos com o Duolingo e também fazendo aulas particulares, mas sempre parava depois de três a quatro meses de estudo. Foi em julho de 2024, quando me matriculei na Academia de Francês do Pierre, que comecei a levar meus estudos a sério. No entanto, só em setembro desse mesmo ano decidi me focar especificamente na preparação para o exame. Foi nesse momento que estabeleci uma rotina diária de contato com a língua, utilizando diversos recursos a meu favor. Não me limitei a um único método ou professor, buscando diversificar minha forma de aprendizado para alcançar melhores resultados. A minha prova aconteceu no dia 15 de janeiro de 2025, portanto, eu tive 126 dias de preparação! Claro, se eu pudesse voltar no tempo, teria estabelecido essa meta mais cedo e teria levado os estudos a sério desde julho, pois cada dia faz uma grande diferença – pode ter certeza disso. Como se preparar para o DELF B2 ? Vou compartilhar com vocês a minha experiência! Eu continuei com a Academia de Francês do Pierre, que foi fundamental no meu progresso. Através desse curso, percebi que estava evoluindo gradualmente, com aulas de gramática, ateliês de leitura, aulas de conversação e outros cursos complementares. Para saber mais sobre o Français avec Pierre, escrevi um artigo detalhado sobre o assunto. De segunda a sexta, eu me dedicava a ouvir as atualidades internacionais na rádio RFI e, além disso, praticava os exercícios de compreensão auditiva do Le français facile avec RFI. Outro desafio que, aos poucos, trouxe resultados foi a prática dos ditados de d’Archibald, disponíveis no site da TV5 Monde. De duas a três vezes por semana, reservava 15 minutos para realizar esses ditados, o que, com o tempo, fez uma grande diferença. Complementando meus estudos, comprei um curso online preparatório para o DELF B2, oferecido pelo mesmo professor do Français avec Pierre. Achei esse curso maravilhoso, pois consistia basicamente em simulados (“examen blanc”), o que me ajudou a entender como é a estrutura da prova. Além do mais, recomendo acessar o site France Education International e conferir os simulados disponíveis lá. Como acredito que é importante diversificar os métodos, contratei um professor particular e fiz 28 aulas privadas. Nesse quesito é importante ter atenção, pois há muitos profissionais que se dizem experientes no DELF B2, mas não têm a qualificação necessária. A metodologia de ensino precisa ser diferente. Lembre-se: não basta apenas aprender francês, é essencial entender como funciona a prova, o que os examinadores vão cobrar e como se preparar adequadamente para cada parte do exame. Como é a prova ? É verdade que existem dois formatos de prova diferentes ? A prova do DELF B2 é dividida em quatro competências: compreensão oral, compreensão escrita, produção oral e produção escrita. A avaliação vale 100 pontos, sendo necessário obter, no mínimo, metade da pontuação total para ser aprovado. Além disso, em cada competência, é obrigatório alcançar pelo menos 5 pontos do total de 25 pontos.  A estrutura da prova é intensa: a produção oral dura 50 minutos (30 minutos de preparação e 20 minutos de prova), a compreensão oral leva 30 minutos, a compreensão escrita tem 1 hora de duração, e a produção escrita também ocupa 1 hora. No total, é uma verdadeira maratona de quase 3 horas. Antes de 2020, as seções de compreensão oral e escrita incluíam questões de múltipla escolha (o famoso “marcar o X”) e perguntas em que era necessário escrever as respostas. O que para mim é mais difícil e cansativo. Após 2020, foi introduzido um novo formato em que todas as perguntas

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Brasileiros na França: Quantos São e Quem São?

A presença de brasileiros na França tem crescido significativamente nos últimos anos, formando uma comunidade diversa e cheia de histórias. Atraídos por oportunidades acadêmicas, profissionais e pela rica cultura francesa, muitos brasileiros escolhem o país como destino para viver, trabalhar ou estudar.  Mas quantos de nós já deram esse salto? E quem são essas almas aventureiras que resolveram encarar o frio europeu e o idioma francês? Neste artigo, vamos desvendar essa comunidade, ver onde estamos nos escondendo (ou brilhando) e entender o que nos faz cruzar o Atlântico em direção à terra da baguete e da Torre Eiffel. Quantos brasileiros estão espalhados pela França?  Segundo o INSEE (Institut National de la Statistique), em 2023, 7,3 milhões de imigrantes vivem na França, ou seja, 10,7% da população total. A maioria vem da África (34,7%), enquanto apenas 2,4% dos imigrantes vêm do Brasil. Em que pese não sermos tão numerosos quanto em lugares como Portugal, Espanha, Estados Unidos ou Canadá, tenha calma, você não estará sozinho! Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), há cerca de 90 mil brasileiros na França. Pode até não ser uma invasão, mas com certeza você vai encontrar alguns “conterrâneos” para matar a saudade do brigadeiro! Quem são os brasileiros na França? Basearei o perfil dos brasileiros na minha experiência pessoal na França e na pesquisa conduzida por alunos da Universidade Unigranrio no ano de 2021.  Para começar, vamos abordar a questão de gênero. De acordo com o relatório mencionado, 75,2% dos imigrantes são mulheres. Comparando com um grupo de WhatsApp de brasileiros da minha cidade, essa tendência se confirma: a maioria é feminina. Além disso, percebi que muitas brasileiras que vivem por aqui estão vinculadas por laços afetivos com um parceiro ou parceira de nacionalidade francesa.  No que concerne à faixa etária, a maioria são jovens entre 21 e 30 anos. Mas, um detalhe me chamou a atenção, as mulheres costumam ser mais velhas que os homens. No quesito escolaridade, os brasileiros se destacam: 76,2% têm ensino superior, e 30,9% já alcançaram uma pós-graduação. Qual é o tempo médio dos brasileiros na França e eles planejam voltar para o Brasil? O estudo indica que 64,6% dos entrevistados estão na França há menos de 5 anos, caracterizando-se como uma imigração recente. Quanto ao segundo aspecto, 71,1% pretendem viver na França de forma permanente ou por um período indeterminado. Na minha opinião, ao se estabelecer em um novo país e formar uma família, é muito difícil considerar o retorno ao Brasil. As raízes se aprofundam, as amizades se fortalecem e, muitas vezes, a vida se adapta ao novo ambiente, tornando o retorno um desafio emocional e prático. Além disso, as oportunidades que surgem na França podem influenciar ainda mais essa decisão de permanência. Não posso afirmar que nunca retornarei a viver no Brasil, mas também me considero parte da pesquisa sobre brasileiros que desejam ficar aqui por tempo indeterminado. Se você vai se expatriar para a França, tenha em mente que é comum inicialmente pensar que seu tempo no exterior será temporário, mas, com o passar dos anos, essa perspectiva muda. Por que os brasileiros se mudam para a França?  De acordo com o relatório da pesquisa acadêmica, 29,3% dos entrevistados foram para a França com visto de estudante, enquanto 37,3% estão no país apenas trabalhando. Isso sugere que muitos brasileiros, após concluírem seus estudos, acabam permanecendo no país ao obter um visto de trabalho. Esse padrão reflete a busca por melhores oportunidades e a transição de estudantes para profissionais no mercado francês. Na minha opinião, dentre os outros inúmeros imigrantes que vivem na França, os brasileiros tendem a se adaptar muito bem ao novo ambiente, especialmente devido à proximidade cultural e à receptividade que encontram em diversos setores.  Muitos brasileiros são motivados pela qualidade de vida e pelas oportunidades profissionais que o país oferece, e isso facilita o processo de integração. Além disso, a França proporciona um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, o que pode ser um fator decisivo para que muitos optem por ficar de forma permanente, especialmente após estabilizarem suas carreiras e construírem uma rede de contatos sólida. Posso garantir que são poucos os brasileiros que estão empreendendo na França; a maioria se encontra empregada em empresas. No entanto, ao conseguir um contrato por prazo indeterminado (CDI), você alcançará uma maior estabilidade no país. Além do mais, escrevi um artigo dedicado ao mercado de trabalho, onde exploro os setores que mais contratam. Clique aqui para saber mais Em quais cidades os brasileiros na França estão mais concentrados? Os brasileiros na França estão principalmente concentrados nas grandes cidades, especialmente Paris. Além da capital, outras cidades como Lyon, Toulouse, Marseille, e Bordeaux também atraem muitos brasileiros, geralmente devido a oportunidades de trabalho, estudo e qualidade de vida. Paris se destaca por ser um importante centro econômico, cultural e educacional, o que atrai tanto estudantes quanto profissionais qualificados. Embora Paris e as outras cidades citadas tenham seus encantos únicos, considero que Toulouse se destaca como a melhor opção. Em primeiro lugar, a cidade oferece um custo de vida mais acessível e menos saturado do que Paris, permitindo que os moradores desfrutem de um melhor custo-benefício em relação à moradia e à vida cotidiana Além disso, Toulouse, conhecida como a “cidade rosa”, é um importante polo para a aviação e o setor espacial, o que gera muitas oportunidades de emprego, especialmente para aqueles que têm formação técnica ou científica. Outro ponto importante é o clima, pois Toulouse possui um clima mediterrâneo, com verões quentes e invernos amenos, o que é uma grande vantagem em comparação com Paris, Lyon e Bordeaux.  Por fim, se você detesta grandes cidades saiba que na França você terá muitos lugares a explorar, todos oferecendo segurança e uma boa qualidade de vida!

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